A alimentação está diretamente relacionada com a sustentabilidade. O consumo de carne, por exemplo, afeta o meio ambiente de diferentes formas, e muitas pesquisas buscam entender como a pecuária interfere nas mudanças ambientais. Segundo a Organização da Nações Unidas (ONU), o setor de produção animal é um dos dois ou três maiores responsáveis pelos mais sérios problemas ambientais, em todas as escalas da local à global.
O consumo crescente de proteína animal, principalmente carne bovina e de aves, é um dos fatores responsáveis pelo aumento do desmatamento na Amazônia e no Cerrado, biomas severamente impactados pela criação de gado e plantação de soja. Cerca de 80% do desmatamento da Amazônia deve-se a pecuária. Dados do satélite Imazon revelam que queimadas na floresta ocorrem três vezes mais nas áreas de produção de carne.
“A cadeia da proteína animal se expandiu com o aumento da produção de commodities [grãos para exportação] no Cerrado. Foi empurrada para a Amazônia, com a criação de gado, em um volume gigantesco de hectares. A soja abrange 33 milhões de hectares e a pecuária, mais de 200 milhões de hectares. Não tem como resolver o problema do desmatamento sem olhar para a pecuária e o monocultivo [de soja]. É uma questão que tem de ser enfrentada.” – Maureen Santos, coordenadora de Programas e Projetos de Justiça Socioambiental da Fundação Heinrich Böll Brasil.
Além disso, para produzir um quilo de carne, utiliza-se 15,4 mil litros de água, em média global. À medida que o Brasil se consolida como um grande fornecedor de proteína animal, aumentam as preocupações sobre o volume de água embutido nessa produção. Outro impacto muito significativo nesse sentido, é o efeito estufa gerado pelo gado. Estima-se que somente a produção de gado emita 15% dos gases estufa, mundialmente. Sem uma ação contundente, o impacto será cada vez maior, já que a população deve aumentar em 2,3 bilhões de pessoas até 2050.
Portanto, mesmo com o crescente número de pessoas cortando a carne da alimentação, reduzir o consumo é uma opção mais acessível, viável e simples para a maioria das pessoas e que pode ser bastante significativo nas questões ambientais.
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